A manutenção produtiva pressupõe um estreito relacionamento entre os
departamentos de manutenção e de produção de modo que os operadores
assumam parte das responsabilidades pelo bom funcionamento dos seus
equipamentos. Vamos mostrar neste artigo como a manutenção autônoma pode
ser praticada para o aumento da eficiência do trabalho de manutenção,
resultando na diminuição das falhas dos equipamentos e no aumento da
produtividade.
Nos velhos tempos as fábricas
eram menores e os equipamentos de produção eram constituídos de alguns
poucos componentes mecânicos de funcionamento simples e de fácil
manutenção. Os volumes de produção também eram pequenos e a fabricação
era quase artesanal. Isto permitia que os trabalhadores tivessem
responsabilidade por diversos aspectos da produção, incluindo a operação
e a manutenção dos equipamentos. As atividades de manutenção e de
operação eram combinadas numa só e os operadores costumavam ter total
domínio dos seus equipamentos, executando todas as ações preventivas e
reparos quando necessários. As inspeções diárias dos equipamentos, sua
limpeza, lubrificação e até mesmo alguns pequenos reparos já eram feitos
no dia-a-dia da operação.
Desta forma, uma
parte daquilo que é conhecido atualmente como manutenção autônoma já era
executada no passado como uma atividade corriqueira pelos operadores. É
interessante perceber que esta ainda é uma prática comum em várias
indústrias de pequeno porte ou naquelas que ainda utilizam equipamentos
não muito complexos.
Mesmo em algumas empresas
modernas, nas quais os equipamentos são relativamente complexos e
avançados, os operadores são incentivados pelos gerentes e supervisores a
desenvolver um interesse pelo bom desempenho dos equipamentos, através
das atividades rotineiras de manutenção, tais como a limpeza,
lubrificação e inspeção diárias.
Com a
automatização da produção, os equipamentos se tornaram mais complexos e
sua capacidade produtiva foi multiplicada. A tecnologia incorporada nos
equipamentos passou a abranger diferentes áreas do conhecimento, tais
como mecânica, elétrica, eletrônica, hidráulica, química, materiais,
estruturas, dentre outras.
Naturalmente, a
manutenção dos equipamentos também passou a exigir mais conhecimento e
especialização, pois o tempo dos operadores já não era mais suficiente
para cuidar também da manutenção dos equipamentos. Assim, houve a
necessidade de desenvolver profissionais especializados na manutenção
dos equipamentos. Manutenção e produção tornaram-se departamentos
independentes. Em muitos casos, esta especialização resultou numa
divisão pouco eficiente de tarefas: a manutenção e a produção passaram a
executar somente aquilo que parecia inerente aos seus departamentos,
esquecendo-se de como as coisas eram feitas no passado.
Com isso, os operadores se especializaram somente nas tarefas
diretamente ligadas à produção, tais como operar os equipamentos,
carregar e descarregar as matérias primas e o produto, enquanto os
técnicos de manutenção passaram a executar tudo que tivesse relacionado à
manutenção das condições de funcionamento dos equipamentos, desde uma
simples lubrificação até as grandes reformas.
Esta especialização trouxe um distanciamento entre as atividades dos
dois departamentos e este é um dos motivos do grande número de falhas
que muitas empresas experimentam atualmente. O resultado deste
distanciamento tem sido um longo tempo de interrupção dos equipamentos,
tanto pelo alto número de falhas quanto pela longa duração delas, pois
ainda há casos em que os operadores, embora tecnicamente capacitados a
realizar complexas tarefas operacionais ficam ociosos, esperando pela
chegada dos técnicos de manutenção para um simples reparo do
equipamento.
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